Nordeste e Paraíba agonizam

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Pouco se tem falado sobre os efeitos devastadores da crise brasileira no Nordeste e, um tanto mais, na Paraíba. Está em curso uma acelerada marcha a ré das economias nordestina e paraibana. E o pior certamente está por vir, com o ajuste fiscal ortodoxo que vai ter impactos negativos muito fortes nos nove estados dessa região.

O Nordeste, com 28% da população do Brasil, passou quatorze anos para elevar a sua correlata participação no PIB de 13% em 2000 para 13,9% em 2014. O que por si só demonstra a característica básica do subdesenvolvimento nacional. Pois bem, o desastre recessivo de 2015-16 reduziu essa dimensão relativa do PIB regional para 13,5%.

A queda do PIB brasileiro, nos últimos dois anos, foi de 7,2%, e a do PIB nordestino 9,8%. A renda per capita deflacionada do Nordeste caiu 11%, de R$14.329,00 em 2014 para R$12.752,00 em 2016. Em relação à renda per capita do país passou de 50% para 48%. As consequências sociais decorrentes são terríveis.

A economia do Nordeste, mesmo sem crise, depende muito das políticas sociais e investimentos do governo federal. É daí que devem vir os apoio e fomento à correção dos altos desníveis socioeconômicos da região no contexto nacional. No biênio 2015-16, essas ações públicas foram significativamente reduzidas.

A Paraíba, o elo fraco do capitalismo brasileiro, sofre consequências danosas do malogro econômico-financeiro do país. O seu PIB, após um crescimento de 19%, nos anos 2011-2014, caiu violentamente, em torno de 10%, de 2015 a 2016. Isso reflete a debilidade econômica do Estado, por ter uma grande dependência de recursos públicos.

Os setores industrial e agropecuário geram 16,5% e 3,5% do PIB da Paraíba. Os 80% restantes são do setor de serviço, em grande parte composto por micro e pequenos negócios improdutivos. Cabe ressaltar que 35% do PIB paraibano provêm de atividades de órgãos públicos, muito acima dos 23%, em média, dos demais estados da região.

Nos próximos dez anos, com o teto das despesas públicas (PEC 55), os governos pouco farão para o crescimento econômico. A recuperação da economia nacional guiada pelos mercados tende a se concentrar nas regiões mais ricas. O Nordeste poderá regredir relativamente, se não houver uma competente política de desenvolvimento regional.

A Paraíba tende a avançar na involução das últimas décadas. A sua economia perdeu o posto de quarta maior do Nordeste para as do Maranhão e R.G. do Norte, hoje é a sexta e pode passar a ser a sétima. Os seus níveis de renda per capita, analfabetismo, mortalidade infantil e deficit habitacional podem piorar entre os piores da região.

Mesmo com esse quadro, não se fala em projeto de desenvolvimento para a Paraíba. Sobram projetos pessoais de candidatos a governador e altos cargos políticos. Entre nós, parece que a política partidária tornou-se um fim em si mesmo. A prosperidade econômica estadual e o bem-estar social não são objeto de preocupação.

Rômulo Polari