A balada do caminhar

Por - em 8 anos atrás 754

Só quem veste a indumentária da saudade é que sabe o quanto dói viver na solidão da ausência, e caminhar por caminhos a erma sem companhia.

O segundo dia da despedida mostra o quanto fere a dor de uma partida, pois o silêncio se transforma em eco constante, e a voz que enfeitava a grande alegria do lar se perde na tristeza da noite.

Apesar de ser sofrida a despedida devemos agradecer a Deus pelos momentos tão felizes que até as cores da casa cantava em versos a felicidade e a distância entre a lágrima e a solidão era maior do que jamais poderia ser imaginada.

A pesar das nossas dores devemos compreender que a morte é na realidade uma suprema festa na estrada da luminosidade e do encontro para com Deus.

Na realidade não há morte, o que ocorre é apenas uma mudança de mundos, onde a paz se concentra de forma total no espírito dando-lhe o direito de viver em paz.

As dores nos acompanha a cada passo, o horizonte se estreita, as palavras que eram pronunciadas perde o seu encanto, pois quem na realidade se amava tanto já não vive para responder.

A casa se esconde em luto, as suas cores perdem o brilho da alegria, e se fecha em plena escuridão de um dia belo, por se sentir vaga pela mais profunda falta de alguém que tanto viveu a grande arte de viver.

A morte é um grande começo de um eterno capitulo de repetições infinitas, onde erros se apagam pela dolorosa caminhada após o julgamento, levando o homem espiritual a refletir.

Aos sons de sinos dos serafins, o espírito abre os seus olhos e compreende que a felicidade está em ter deixado para trás uma verdadeira oração de paz e serviço.

Ao morrer nós perdemos a luz do dia, o cansaço da tarde, o estrelado da noite, mas alcançamos uma luz duradoura por que fugimos do nada, apenas continuamos adiante.

A felicidade é completa quando com a simplicidade de nossa vida fomos capazes de estender uma mão, retirar um pássaro de uma armadilha, enxugar uma lágrima, e fazer das nossas preces, as preces de todos.

Na balança da verdade haveremos de pesar os nosso atos, e onde o prato pesar pelas bondades com certeza seremos felizes, mas se este prato não oscilar iremos para o lugar onde não se apaga erros com borracha.

Já dizia o sábio que a vida após ser cumprida se acha na necessidade de retornar ao lar, pois não há coisa melhor do que Senhor fazer do levar o homem para sua casa depois do trabalho.

Quando o sino da velhice já não comportar com a força da grande baladas, quando a visão já não definir a sua própria imagem, quando o homem esquecer de seu nome  é sinal que a hora do renovar tudo está chegando.

Rafael Holanda