Converso até com a Folha, quem dirá com o futuro presidente da Argentina, diz Bolsonaro

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Defensor da reeleição de Mauricio Macri na Argentina, o presidente Jair Bolsonaro (PSL) disse que manterá o diálogo com Alberto Fernández caso ele vença a disputa presidencial em outubro.

“Eu converso até com a Folha de S.Paulo, quem dirá com o futuro presidente da Argentina”, afirmou o presidente ao deixar o Palácio da Alvorada na manhã desta sexta-feira (16).

Embora tenha dito que manterá o diálogo com o país vizinho mesmo se uma aliança de esquerda vencer as eleições presidenciais, Bolsonaro disse que não partirá dele a aproximação.

“Estamos dispostos. Ele que vai ter que dar um sinal. Quando eu tomei posse, falei que ia manter a democracia, a liberdade, abrir o mercado, respeitar as religiões. É o que eu estou fazendo”, afirmou.

Na Argentina, a chapa de oposição liderada por Alberto Fernández, que tem a ex-mandatária Cristina Kirchner como vice, venceu com larga vantagem as primárias presidenciais no domingo (11). O primeiro turno da eleição ocorre em 27 de outubro.

O cenário provocou uma disparada do dólar alta dos juros e queda da Bolsa.

Bolsonaro tem feito duras críticas à possibilidade do retorno do kirchnerismo à Casa Rosada. Ele tem comparado a situação à da Venezuela e sugerido que haverá uma onda migratória de argentinos para o Sul do Brasil caso a chapa opositora vença a disputa.

“O mercado deu um sinal de que não vai perdoar a esquerda na Argentina novamente. O pessoal vai tirar de lá. Os empresários não vão mais investir na Argentina.”

O presidente voltou ainda a falar sobre a permanência do Brasil no Mercosul em caso de vitória de Fernández. Bolsonaro lembrou que o kirchnerista já visitou Lula em Curitiba e que afirmou ser uma injustiça a situação do ex-presidente brasileiro.

“Ele [também] já falou que quer rever o Mercosul. Então, o Paulo Guedes, perfeitamente afinado comigo por telepatia, já falou: ‘Se criar problema, o Brasil sai do Mercosul’, e está avalizado, sem problema nenhum.”

Bolsonaro disse que antes de vencer as eleições, em outubro de 2018, tinha uma visão de que o Brasil deveria deixar o bloco comercial, mas que seu governo já afastou sua principal preocupação: o viés ideológico.

“Durante a campanha, eu falava para o Paulo Guedes do viés ideológico, e o meu sentimento era de que tinha que acabar com o Mercosul. Lógico, chegamos e afastamos o viés ideológico. Temos um contato excelente com Macri, excelente com Marito [Mario Abdo Benítez, presidente do Paraguai], [com] o do Uruguai [Tabaré Vázquez]. Apesar de ser um pouco da esquerda, deu para conversar tranquilo, numa boa.”

Redação