Condenado no mensalão, Henry tem autorização para trabalhar em hospital

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Ex-deputado federal Pedro Henry em Cuiabá (Foto: Kelly Martins/G1)Ex-deputado federal Pedro Henry (à esq.) esteve no Fórum de Cuiabá acompanhado de advogado
(Foto: Kelly Martins/G1)

A Justiça de Mato Grosso autorizou o ex-deputado federal Pedro Henry (PP), condenado no esquema do mensalão a 7 anos e 2 meses de prisão no regime semiaberto, a trabalhar como coordenador de Clínica Médica do hospital particular Santa Rosa, em Cuiabá. Pedro Henry, acompanhado por dois advogados, participou de uma audiência na tarde desta quarta-feira (8) na Vara de Execuções Penais, no Fórum da capital. O emprego deve render ao ex-deputado um salário de R$ 7,5 mil.

Henry cumprirá pena como qualquer outro reeducando"
Geraldo Fidélis,
Juiz da Vara de Execuções Penais de Cuiabá

Durante 30 minutos, o ex-deputado esteve reunido com o juiz Geraldo Fidélis, que concedeu a liberação ao réu em trabalhar das 7h às 17h, de segunda a sexta-feira, conforme a declaração de proposta de emprego apresentada à Justiça. Ao ser questionado peloG1, Henry disse apenas que não iria comentar o caso. Sereno e sem esboçar reações, o ex-parlamentar deixou o Fórum já com a autorização para poder exercer o novo cargo.

O anexo da Penitenciária Central do Estado, onde o réu cumpre a pena, determina que ele pode ficar fora da unidade a partir das 6h e deverá retornar às 19h. Já aos sábados ele poderá estar ausente até as 14h. Aos domingos e feriados, Pedro Henry deve ficar no sistema fechado.

Pedro Henry é médico legista e deixou o cargo público há quase 20 anos para ingressar na política. Ele foi condenado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) pelos crimes de corrupção passiva, lavagem de dinheiro e ao pagamento de multa no valor de R$ 932 mil. O juiz  ressaltou que o ex-parlamentar propôs destinar um valor mensal para o pagamento da multa determinada pelo Supremo. “Ele pretende ratear o salário que vai receber, com despesas familiares e o pagamento da multa. Porém a conversa foi informal e solicitei ao réu que me encaminhe documentalmente a forma que pretende utilizar o dinheiro que irá receber, já que sua conta bancária pessoal está bloqueada judicialmente”, explicou.O juiz fixou seis condições para a permanência de Pedro Henry fora do anexo, sendo uma delas o cumprimento do horário estabelecido e o uso de tornozeleira eletrônica, assim que for liberado pelo governo. Também deverá comprovar a respectiva função no cargo de trabalho nos próximos 30 dias. Pedro Henry também está proibido de frequentar lugares considerados pela Justiça inapropriados, como casa de prostituição e de jogos. O uso de armas e ingestão de bebidas alcoólicas também estão proibidos. “Ele cumprirá pena como qualquer outro reeducando”, disse o juiz Geraldo Fidélis em entrevista ao G1 logo após a audiência.

Ele foi transferido de Brasília para Cuiabá no dia 27 de dezembro, escoltado por policiais federais, e atualmente divide a cela com mais presos. Todos réus condenados em ações cíveis e que possuem nível superior. A reportagem do G1 teve acesso exclusivo ao anexo da Penitenciária Central, onde Henry cumpre pena. Ele conta apenas com um espaço de 20 metros quadrados, com cinco camas, uma pequena televisão e um miniventilador.

Dentro do quarto, o espaço também é dividido com um armário e ainda há um pequeno banheiro. Os quartos normalmente têm cinco detentos, mas atualmente há apenas três. Já do lado de fora, os reeducandos contam com uma geladeira, uma grande mesa para as refeições e ainda uma estante cheia de livros, servindo como biblioteca para os adeptos à leitura. Além disso, os detentos no regime semiaberto cuidam de uma horta, que contribui para a remissão da pena.

Pedro Henry em Cuiabá (Foto: Kelly Martins/G1)Pedro Henry é médico e recebeu da Justiça a autorização para trabalhar em um hospital em Cuiabá
(Foto: Kelly Martins/G1)

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