Militares recusam proposta do governo e mantêm motim no Ceará

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Após reunião entre representantes dos policiais e comissão de senadores, policiais militares que participam de um motim no Ceará decidiram recusar proposta do governo para chegar a um acordo do fim da paralisação. O encontro ocorreu na noite desta quinta-feira (20), no 18º Batalhão da Polícia Militar, em Fortaleza. A decisão dos policiais amotinados foi feita por volta das 23h40.

Os representantes dos policiais decidiram manter a paralisação após o representante da categoria, o ex-deputado federal Cabo Sabino, informar as propostas do governo.

“Ele (o governo do Ceará) diz que até 7h da manhã, quem sair aqui do movimento, quem já está identificado não tem anistia. Quem não estiver identificado eles não vão atrás, mas não garante nada. Aqueles que estão respondendo IPM (Inquérito Policial Militar) vão continuar respondendo. Aqueles que foram identificados não tem anistia, não tem nada disso. E os que não foram identificados até 7h, não vão atrás de identificar”, declarou Sabino.

Como resposta, os manifestantes fizeram coro com gritos de “eu não vou embora” e “não vai ter carnaval”.

Horas antes, a comissão de senadores, formada por Eduardo Girão (Podemos/CE), Elmano Férrer (PR/PI) e Major Olímpio (PSL/SP), se reuniu com o governador Camilo Santana em uma tentativa de negociar o fim do motim policial que ocorre desde terça-feira (20) no Ceará. Alguns policiais militares se dizem insatisfeitos com a proposta de reajuste salarial do governo.

Três policiais foram presos e mais de 300 são investigados por “vandalismo” e “motim”, segunda a Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social.

Resumo:

Em 5 de dezembro, policiais e bombeiros militares organizaram um ato reivindicando melhoria salarial. Por lei, policiais militares são proibidos de fazer greve.

Em 31 de janeiro, o governo anunciou um pacote de reajuste para soldados.

Em 6 de fevereiro, data em que a proposta seria levada à Assembleia Legislativa do estado, policiais e bombeiros promoveram uma manifestação pedindo aumento superior ao sugerido.

Em 13 de fevereiro, o governo elevou a proposta de reajuste e anunciou acordo com os agentes de segurança. Um grupo dissidente, no entanto, ficou insatisfeito com o pacote oferecido.

Em 14 de fevereiro, o Ministério Público do Ceará (MPCE) recomendou ao comando da Polícia Militar do Ceará que impedisse agentes de promover manifestações.

Em 17 de fevereiro, a Justiça manteve a decisão sobre possibilidade de prisão de policiais em caso de manifestações.

Em 18 de fevereiro, três policiais foram presos em Fortaleza por cercar um veículo da PM e esvaziar os pneus. À noite, homens murcharam pneus de veículos de um batalhão na Região Metropolitana.

Em 19 de fevereiro, batalhões da Polícia Militar do Ceará foram atacados. O senador Cid Gomes foi baleado em um protesto de policiais amotinados.

Reivindicação salarial e motim

Policiais que se dizem insatisfeitos com a proposta de reajuste salarial da categoria realizam movimentos paredistas para impedir o trabalho dos demais policiais, conforme a Secretaria da Segurança Pública.

Em um momento crítico da crise, o senador licenciado Cid Gomes foi baleado no peito quando tentou entrar com uma retroescavadeira em um batalhão onde policiais estavam amotinados em Sobral. Cid recebe atendimento em hospital particular de Fortaleza e não corre risco de morrer, conforme familiares.

Na terça-feira (18), três policiais foram presos suspeitos de furarem pneus de carros da Polícia Militar. No terceiro dia de motim dos policiais, pelo menos cinco batalhões da PM foram invadidos e tiveram os pneus esvaziados ou rasgados.

A proposta do governo é aumentar o salário de um soldado da PM dos atuais R$ 3,2 mil para R$ 4,5 mil, em aumentos progressivos até 2022. O grupo de policiais que realiza as manifestações reivindica que o aumento para R$ 4,5 mil seja implementado já neste ano.

Redação