Pior fase, acesso adiado e queda de rendimento: por que o Inter demitiu Guto

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gutoDa expectativa à frustração, a torcida do Inter eclodiu em protesto, com direito a conflito com a polícia, após o empate em 1 a 1 com o Vila Nova, neste sábado, no Beira-Rio, pela 35ª rodada da Série B. Os torcedores deixaram bem claro o descontentamento com o quarto tropeço seguido da equipe, capaz de adiar o tão esperado retorno à elite nacional. E a resposta da diretoria foi imediata. O vice de futebol Roberto Melo logo anunciou a demissão de Guto Ferreira, com justificativas e motivos que vão além dos resultados negativos recentes.

“Nós caímos muito de desempenho nesses últimos jogos. Entendemos que era importante fazer essa mudança de rumo para o térmio do campeonato. É o melhor para o clube (presidente Marcelo Medeiros)

A decisão do departamento de futebol tem a ver com a queda de rendimento da equipe em uma sequência de atuações bem abaixo da crítica e com a análise diária dos treinamentos e da metodologia de trabalho do treinador. A avaliação é sucinta: o Inter vem jogando menos a cada partida.

O parecer ainda aponta que o técnico não conseguiu extrair o desempenho de outrora do grupo, que chegou a encarreirar vitórias em série para praticamente encaminhar o acesso, em especial por ter dificuldades em transmitir suas ideias de jogo aos atletas. Soma-se a isso a pressão crescente da torcida contra a permanência de Guto para 2018 e os números da tabela da competição.

Em meio ao turbilhão que fez estremecer as estruturas do futebol colorado neste sábado, a equipe convive com a pior fase desde o início do ano, com quatro jogos seguidos sem vitórias. E ainda perdeu a liderança da competição para o América-MG, primeiro clube a garantir a vaga na elite após a vitória sobre o Figueirense. Com a combinação de resultados, o Inter soma 64 pontos e até atinge a projeção de pontos da diretoria, mas amarga agora a vice-liderança, a dois pontos do líder.

Mesmo com a sequência ruim, o Inter segue a apenas um empate de garantir o tão sonhado e adiado acesso. Isso graças à campanha anterior de Guto Ferreira. Com o treinador, o Inter superou a instabilidade dos primeiros compromissos da Série B e, a partir do ingresso de Leandro Damião no 4-1-4-1, alcançou a liderança isolada da competição com uma série de 11 vitórias em 13 jogos.

Guto Ferreira no InterRoberto Melo foi o responsável por anunciar o treinador (Foto: Eduardo Deconto)

33 jogos

17 vitórias

9 empates

7 derrotas

46 gols marcados

25 gols sofridos

60,60% de aproveitamento

Os números positivos apenas protelaram uma queda que se anunciou com o desempenho recente. O Inter começou a oscilar no empate sem gols contra o Boa Esporte, em que atuou sem Damião. O centroavante, aliás, é um bom exemplo para evidenciar a descrença no trabalho de Guto Ferreira. Após encaixar a equipe com sua presença no ataque, o treinador não conseguiu em nenhum momento encontrar alternativas táticas e reposição à altura para fazer o time jogar bem sem ele.

– A gente está permanentemente dentro do vestiário, acompanhando tudo que acontece. Por isso que fizemos a troca. A gente entendeu que o comando não vinha conseguindo passar a mensagem aos jogadores daquilo que era desejado. E em campo estava se materializando. Chegamos no final do campeonato com condição extremamente favorável para o objetivo, mas o desempenho caiu muito. E por isso tomamos essa decisão – analisa o vice de futebol Roberto Melo.

O duelo em Varginha serviu de prenúncio ao que se avizinhava, mesmo com o triunfo seguinte – novamente com oscilação de desempenho – diante do Criciúma, fora de casa. Desde então, o Inter somou apenas três pontos em quatro jogos, com três empates e uma derrota. O aproveitamento de 25% é inferior ao do lanterna ABC. Mas é o desempenho que mais chamou atenção, em especial nos jogos em casa.

Melhores momentos de Internacional 1 x 1 Vila Nova pela 35ª rodada do Brasileirão

Na iminência do acesso, o Inter foi derrotado pelo Ceará, no Beira-Rio, na 32ª rodada da competição, sem conseguir atacar de forma organizada para buscar o empate. Depois, amargou três empates em sequência. Contra o CRB, a equipe até criou no começo do jogo, mas encerrou a partida com Danilo Fernandes como nome que salvou o time de um revés.

No empate em 2 a 2 com o Luverdense, as desatenções defensivas permitiram ao rival marcar dois gols no começo de cada tempo. Desorganizado e afobado, o Inter teve de se expor a contra-ataques para igualar o marcador e encerrou a partida tendo de se segurar na defesa para levar um ponto do Mato Grosso.

A gota d’água veio com mais uma atuação apática dentro de casa, curiosamente contra o Vila Nova. No primeiro turno, o técnico recebeu um ultimato da diretoria por resultados após ser derrotado no Serra Dourada – à época, conseguiu superar a pressão com triunfos. Neste sábado, porém, o time abusou das bolas longas e não soube se organizar para atacar com qualidade. De quebra, se expôs na defesa e teve de contar uma vez mais com intervenções de Danilo Fernandes, que até falhou no gol, para ficar com o empate. O desfecho do desempenho cada vez mais inferior foi a queda de Guto.

– Chegamos faltando três rodadas com chances de conquistar a classificação, estivemos na liderança do campeonato, mas achamos que nos últimos jogos o desempenho da equipe caiu demais. Não estamos conseguindo mais jogar. A equipe se desorganizou. Tivemos a chance de confirmar no Beira-Rio, e a equipe não conseguiu jogar contra Ceará e CRB. Contra o Luverdense também a gente não precisa falar como foi aquele jogo. A gente está permanentemente dentro do vestiário, acompanhando tudo que acontece. Por isso que fizemos a troca. Vínhamos notando que a tendência não era essa, cada vez jogando menos – ressalta Melo.

Direção evita pensar no técnico para 2018

A turbulência em um momento decisivo na temporada faz a diretoria de futebol adiar as tratativas para buscar um novo nome para 2018, ainda na iminência de garantir o retorno à Série A. Sem Guto, o auxiliar Odair Hellmann será o treinador nas três partidas restantes na Série B. E o foco, claro, recai sobre a recuperação para sacramentar o acesso.

– Nesse momento falar sobre estilo, perfil para 2018 não é o melhor. Temos que pensar no Oeste, no que temos que fazer para vencer. E além de garantir a classificação, buscar o título. Temos que mudar. A forma como estamos jogando não é suficiente. O Odair, quando saiu o Zago, contra o Palmeiras, naquela partida da Copa do Brasil, foi muito bem. Depois do campeonato vamos pensar no treinador para o ano que vem – afirma o vice de futebol.

Redação