Delações de Leandro apontaram participação de Ivan Burity, preso na manhã desta quarta (9)

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Secretário é apontado como recebedor de propinas desde gestões passadas relacionadas à educação e à saúde.

Uma delação premiada feita pelo ex-assessor da Secretaria de Administração do Estado, Leandro Nunes Azevêdo, levou as investigações da operação Calvário até o secretário Executivo de Turismo, Ivan Burity. O auxiliar nos governos de Ricardo Coutinho (PSB), desde a prefeitura, e mantido por João Azevêdo (PSB), na atual gestão, é apontado como recebedor de propinas. A influência dele ocorreria tanto em contratos da saúde, quanto da educação, com destaque para esta última.

No âmbito da Educação, o destaque ficaria por conta da aquisição de materiais didáticos pelo Governo do Estado da Paraíba. A organização criminosa, segundo o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público da Paraíba, tinha em Burity o especialista na abertura de caminho para contratação das empresas, mediante contratos fraudulentos e o consequente recebimento de propina.

Três empresas são relacionadas no suposto esquema: Conesul Plus, do empresário Márcio Nogueira Vignoli e gerenciada por Hilário Ananias Queiroz Nogueira; Brink Mobil, cujo sócio-administrador é Valdemar Ábila, e a Grrafset, de Vladmir Neiva. As investigações também apontam a existência de outras empresas que também teriam contribuído com o esquema de pagamento e recebimento de propina ao grupo criminoso. Entre elas está a Editora Inteligência Relacional, ligada a Jardel Aderico da Silva, também preso na atual fase da operação.

Sobre Ivan Burity, Leandro narrou também episódio, em junho de 2014, no qual ele teria transportado R$ 1,2 milhão trazido de cidade não identificada. De posse deste dinheiro, R$ 300 mil, teria sido destinado ao ex-deputado Rômulo Gouveia, já falecido, então vice-governador do Estado.

Aléssio Trindade

As investigações têm como alvo também o secretário de Educação e da Ciência e Tecnologia (SEECT), Aléssio Trindade de Barros, além do ex-executivo da pasta, José Arthur Viana Teixeira de Araújo. Ambos foram alvos de mandados de busca e apreensão. De acordo com o Ministério Público, a investigação sobre eles ocorre por causa das suspeitas sobre inexigibilidade de licitações nos contratos suspeitos. O procedimento teria sido a porta de entrada para as irregularidades.

Já no âmbito da Secretaria de Estado da Saúde, o alvo da medida cautelar é o Instituto de Psicologia Clínica, Educacional e Profissional (Ipcep), Organização Social responsável pela administração do Hospital Metropolitano de Santa Rita e do Hospital Geral de Mamanguape (HGM). A instituição teve o contrato renovado recentemente pelo governador João Azevêdo. Ela foi denunciada na primeira etapa da operação, ao lado da Cruz Vermelha Brasileira (CVB). A denúncia é de desvio de recursos e pagamentos de propinas a autoridades. Ambas pertenciam a Daniel Gomes da Silva, preso em etapas anteriores da operação.

A nova fase da operação teve como alvo, também, a prisão do diretor administrativo do Hospital Geral de Mamanguape, Eduardo Simões Coutinho. Foram alvos de mandados de busca e apreensão o diretor executivo do Ipcep, Antônio Carlos de sousa Rangel, o diretor administrativo do HTMST, Henaldo Vieira da Silva; a diretora jurídica, Giovana Araújo Vieira, e o diretor financeiro, Mario Sérgio Santa Fé da Cruz.

Eles são investigados cometimento do crime de falsificação de documento público, consubstanciado na adulteração de Termo de Referência que ensejou a contratação da empresa DIMPI Gestão em Saúde Ltda para prestar serviços de imagens no Hospital Metropolitano de Santa Rita. Em relação a Eduardo Coutinho, ele teria recebido dinheiro de propina de fornecedores no Ipcep em nome de Daniel, a exemplo das vantagens indevidas entregues por José Aledson de Sousa Moura, proprietário de fato da Total LAB.

Alvos de busca e apreensão

Os alvos dos mandados de busca e apreensão são Aléssio Trindade de Barros, José Arthur Viana Teixeira, Ivan Burity de Almeida, Pousada Potiguara/Camaratuba LTDA, Conesul Compercial e Tecnologia Educacional EIRELI, Márcio Nogueira Vignoli, Hilário Ananias Queiroz Nogueira, Editora Grafset LTDA, Vladimir dos Santos Neiva, J.R. Araújo Desenvolvimento Humano EIRELI/Editora Inteligência

Relacional, este com localização em Ribeirão Preto/SP e Maceió/AL, Jardel da Silva Aderico, Antônio Carlos de Souza Rangel, Henaldo Vieira da Silva, Giovana Araújo Vieira, Mário Sérgio Santa Fé da Cruz, Eduardo Simões Coutinho, José Aledson de Moura, Instituto de Psicologia Clínica Educacional e Profissional (IPCEP) e Brink Mobil Equipamentos Educacionais LTDA, este último com localização em Colombo/PR, Curitiba/PR, Campina Grande do Sul/PR e São Paulo/SP.

Estão sendo cumpridos, de forma simultânea, 13 mandados no Estado da Paraíba, sendo 2 de prisão preventiva e 11 de busca e apreensão, mais precisamente nos municípios de João Pessoa, Santa Rita e Mataraca; 4 no Estado do Rio de Janeiro, 3 em São Paulo, 5 no Paraná, todos de busca e apreensão, além de 2 mandados (1 de prisão preventiva e 1 de busca e apreensão) em Alagoas. Maiores esclarecimentos serão disponibilizados pelo Ministério Público da Paraíba, após da conclusão das diligências.

Blog do Suetoni Souto Maior