O que virá, além da Copa

Por - em 10 anos atrás 785

Pedro Simon
É senador pelo Estado do Rio Grande do Sul, filiado ao Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB).

 
O que virá, além da Copa

Um sentimento de expectativa ronda o país. É a possibilidade de novas e mais intensas manifestações de protesto neste ano que recém inicia. De fato, permanecem atuais os motivos e reivindicações que levaram centenas de milhares de brasileiros às ruas em junho do ano passado, numa inesperada explosão social que espantou o mundo.

A precariedade e o alto preço das tarifas cobradas da população pelo sistema de transporte público; a deficiência no serviço de saúde, apesar do programa que contrata mais médicos, ficando ainda assim aquém das necessidades; a falta de qualidade na educação – vexame que coloca o Brasil entre os últimos do mundo nesse setor – e, enfim, a ineficiência da segurança pública e a sensação geral de impunidade.

A questão social está entregue às forças policiais, despreparadas para lidar com o assunto de outra forma que não seja encarando os manifestantes como ‘forças oponentes’, conforme consta dos manuais militares.

Com referência ao grave problema do transporte coletivo, basta um exemplo para se verificar o nível de displicência com que o tema está sendo tratado, além de relevar distanciamento entre as necessidades do povo e a falta de disposição efetiva dos poderes na busca de soluções: o projeto que reduziria impostos para baratear o transporte coletivo continua parado no Congresso. Talvez tenham esquecido que foi o preço da passagem de ônibus que deflagrou as manifestações de junho de 2014.

Nesse contexto, a inexistência de respostas concretas para problemas sociais que se avolumam, poderá gerar grande inquietação neste ano de eleições. A população exige maior atenção para questões coletivas, enquanto o governo, embora tenha uma política de distribuição de renda, ainda se mostra tímido na construção de uma democracia social mais inclusiva.

Não se trata apenas de vontade política. Aliado às forças conservadoras, estratégia que considera essencial para garantir a governabilidade, esse governo talvez não encontre condições objetivas para avançar. Aguardemos os acontecimentos, imaginando o que virá com a Copa.

 

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