Frutos da ressurreição

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Os cristãos católicos dos ritos latino e oriental celebram a Páscoa, a cada ano, e, dessa maneira, encontram na ressurreição de Jesus a razão de ser de sua vida e de sua fé. “Tais ritos litúrgicos (latinos) originaram-se na Europa Ocidental e Norte da África, em países que em sua maioria tinham como língua o Latim, em contrapartida aos ritos litúrgicos orientais, os quais se originaram na Europa Oriental e Oriente Médio”.

São Paulo, na Primeira Carta aos Coríntios, afirma a centralidade da ressurreição no anúncio da palavra de Deus e da fé: “Ora, se proclamamos que Cristo ressuscitou dos mortos, como podem alguns de vocês dizer que não existe ressurreição dos mortos? Se não existe ressurreição dos mortos, então Cristo também não ressuscitou. E se Cristo não ressuscitou, vazia é nossa pregação, e vazia também é a fé que vocês têm. E acabamos sendo falsas testemunhas de Deus, porque testemunhamos contra Deus, dizendo que ele ressuscitou a Cristo, quando de fato não ressuscitou, se é que os mortos não ressuscitam. Porque se os mortos não ressuscitam, Cristo também não ressuscitou. E se Cristo não ressuscitou, a fé que vocês têm não possui fundamento, e vocês ainda estão em seus pecados. E também os que adormeceram em Cristo estão perdidos. Se nossa esperança em Cristo é somente para esta vida, somos os mais miseráveis de todos os homens” (1Cor 15, 12-19).

Além de muito explícito, São Paulo insiste, de forma repetitiva, na relação entre a ressurreição de Cristo e a dos “que adormeceram em Cristo”. Ele sabe que a ressurreição é o mistério gerador da vida definitiva dos discípulos de Jesus. Na verdade, todos ressuscitarão, justos e injustos, conforme as palavras de Jesus: “Não fiquem admirados com isso, porque vai chegar a hora em que todos os que estão nos túmulos ouvirão a voz dele, e sairão: aqueles que fizeram o bem, para uma ressurreição de vida; os que praticaram o mal, para uma ressurreição de condenação” (Jo 5, 28).

Entre os primeiros frutos da ressurreição estão, efetivamente, o anúncio da Palavra de Deus e a fidelidade cristã. No entanto, como decorrência da acolhida ao anúncio e da condição de testemunhas de Cristo, o fruto primeiro e maior é a ressurreição dos mortos. Fica claro, então, que o Cristianismo não teria subsistido sem a ressurreição.

Precisamente em razão dessa centralidade da ressurreição celebra-se a Semana Santa. Cada celebração, notadamente as do Tríduo Pascal, que têm significação e importância próprias, convergem para a Vigília da Páscoa que se destaca, inclusive, pela diversidade, riqueza e harmonia de seu ritual. Considerando a analogia do grau de trigo que morre para produzir mais, Orígenes, no século III, ensina que a “morte de Jesus Cristo tornou-se, então, uma espiga de trigo, produzindo o séptuplo e muito mais do que fora semeado. (…) Se o grão de trigo que cai na terra não morre, fica só. Mas, se morre, produz muito fruto. A morte de Jesus frutificou todos nós. Portanto, se sua morte deu tantos frutos, quão abundantes serão os frutos da ressurreição?”. Os frutos principais da ressurreição são experimentados pelas próprias pessoas.

Diferentemente dos frutos da natureza, que são sazonais e não satisfazem ao paladar de todas as pessoas, os frutos da ressurreição são saboreados por todos os cristãos, com igual prazer, em todo tempo e lugar, porque são colhidos com alegria pascal.

Dom Genival Saraiva