História e fé

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Na história das civilizações encontram-se elementos de natureza linguística, cultural, social, religiosa e outros que revelam costumes e práticas que foram conservados através de códigos e tradições, cuja decodificação, em muitos casos, somente é feita por estudiosos. Esses e outros indicadores são referências para a compreensão da realidade contemporânea que, na verdade, é uma herança próxima ou remota, no tempo e na geografia.

Nessa ótica, ao se considerar, por exemplo, a história do Brasil, não é preciso ser profundo pesquisador para se identificar elementos culturais, sociais e religiosos do mundo ocidental. A transmissão desses valores aconteceu através dos conquistadores que, via de regra, tornaram-se colonizadores, em cuja prática consta, inclusive, a escravidão. Dessa forma, colonizadores e evangelizadores embarcaram nas mesmas naus, embora fossem divergentes os objetivos, conteúdos e práticas de sua linha de ação.

O amor do povo a sua cidade, ao seu município, ao seu estado e ao seu país tem vínculos afetivos, antes de tudo. Todavia, os vínculos da cidadania contêm apelos e exigências que vão além dessa dimensão afetiva. Nessa linha, a história da Paraíba está sendo lida, no momento, ao se comemorar sua fundação, no dia 5 de agosto de 1585. Nessa leitura, um aspecto necessariamente está presente – a fé.

Desde os primórdios da Província e do Estado da Paraíba, o legado da fé católica, ao lado da vivência espiritual e da prática religiosa dos fiéis, tem traços identificados na cidadania porque uma evangelização inculturada cria raízes cidadãs. Ao longo do tempo, pessoas e instituições atuaram e atuam, por exemplo, no campo da educação, da saúde e da ação social, com uma contribuição relevante para a formação da cidadania paraibana.

No calendário litúrgico, a Igreja Católica celebra, no dia 5 de agosto, a Festa de Nossa Senhora das Neves. Por isso, a história da Paraíba e da Capital da Paraíba está vivamente unida a Nossa Senhora das Neves, nesses 431 anos da sua existência. Nesse sentido, é importante destacar esse outro elemento que está na raiz da cidadania paraibana – a devoção dos fiéis a Nossa Senhora das Neves.

Além de ser conscientemente preservado, esse valor da cidadania e da espiritualidade mariana precisa ser cuidadosamente estimulado junto às pessoas e misericordiosamente transmitido às gerações que se distanciaram ou não se aproximaram de Deus, sob pena de não se construir a ponte da justiça social, da evangelização transformadora, da devoção renovadora.

A Arquidiocese da Paraíba, em razão da sua vacância, em alegre espera, deposita nas mãos maternas de Nossa Senhora das Neves, sua Padroeira, a causa da nomeação do próximo Arcebispo Metropolitano, “princípio visível de unidade e comunhão”, “mestre da fé, santificador e guia espiritual”. Que a história da Paraíba continue sendo escrita com fé em Deus e seja alimentada pela devoção a Nossa Senhora das Neves!

(*) Administrador Apostólico da Arquidiocese da Paraíba.

Por Dom Genival Saraiva